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Londres, Reino Unido

Aterrámos em Londres em pleno dia da coroação do rei Charles III por pura coincidência. A viagem estava programada há vários meses para coincidir com o Dia da Mãe, o primeiro domingo de maio.


O dia estava chuvoso, escuro e denso, mas Londres estava em festa, havia bandeiras suspensas nos edifícios, as ruas estavam decoradas com o brasão do rei, as pessoas vestiam as cores da Union Jack e ostentavam coroas de plástico e papel.


Era a primeira vez que a minha mãe visitava a capital do Reino Unido, eu já aqui tinha estado numa visita escolar há mais de 10 anos. O itinerário para cinco dias foi pensado ao pormenor, não deixámos margem para erros nem perdas de tempo, é praticamente impossível conhecer a cidade numa única visita, mas nós estávamos determinadas em tentar.


É a capital de um dos reinos com mais peso histórico do mundo, uma cidade cosmopolita e atraente, onde se falam mais de trezentas línguas diferentes diariamente. A sua multiculturalidade é tão cativante como os imperdíveis monumentos históricos.


Friso do Parthenon de Atenas no Museu Britânico.

restaurante Café Deco, Bloomsburry, London

Café Deco.


O nosso hotel situava-se em Bloomsbury, o característico bairro de Virginia Woolf e de outros famosos escritores, filósofos e artistas, a cinco minutos a pé do Museu Britânico. Foi a nossa primeira paragem e a manhã passou a voar.


O enorme e polémico museu expõe relíquias de incontável valor de várias civilizações. Muitos defendem que teriam de estar nos respetivos países de origem, contudo é realmente fascinante percorrer dois milénios de história, inúmeras geografias e culturas tão dispares como a chinesa, a egípcia ou a maia percorrendo simplesmente corredores contínuos.


"The streets of London have their map, but our passions are uncharted.

What are you going to meet if you turn this corner?"

Jacob’s Room, Virginia Woolf, 1922


Chuviscava quando saímos do museu e procurámos abrigo no Café Deco, um restaurante onde a definição de cosy ganha forma: a decoração em tons pastel, flores frescas em jarras de vidro e um menu com comida caseira.


Fachadas em tons pastel de Notting Hill, Londres

Fachadas em tons pastel de Notting Hill.

Cakes at Ottolenghi, London

A pastelaria Ottolenghi.


De metro, atravessámos a cidade e chegámos a Notting Hill, o bairro das fachadas de cores pastel. No Mercado de Portobello, nós éramos as únicas visivelmente incomodadas pelas gotas de água que caiam incessantemente. Na balburdia de peças de cerâmica, discos de música, arte, roupa vintage, fruta e hortaliças a vida decorria com a normalidade de quem está habituado a condições climatéricas menos favoráveis.


Detivemo-nos numa montra de uma pastelaria e aí percebemos que esta viagem ia ser bastante completa a nível de doçaria… Tanto eu como a minha mãe somos muito gulosas e os cakes e biscuits da Ottolenghi fizeram-nos salivar.


Kimpton Fitzroy London Hotel na Russell Square.

Blue whale skeleton at Natural History Museum, London

Museu de História Natural.

Charles Darwin statue at Natural History Museum, London

Estátua de Charles Darwin.

Fachada Victoria and Albert Museum, London

Museu Victoria and Albert.


No dia seguinte, caminhámos bastante, mas estávamos tão entretidas que nem demos por isso.


Começámos pelo Museu de História Natural, onde delirámos como crianças com as réplicas de dinossauros e fizemos uma pausa na esplanada do Museu Victoria and Albert atravessando galerias repletas de objetos de decoração brilhantemente dispostos.


Cruzámos o bucólico Hyde Park sem nos determos nos bancos de jardim para infortúnio da minha mãe, mas tínhamos de continuar… havia muito para ver!


Esquilo no Hyde Park, Londres

Esquilo no Hyde Park.

Restaurante Chez Antoinette.


Chegámos ao Palácio de Buckingham, ainda repleto de polícia, vedações e uma agitação que nos despertou curiosidade. Esperámos um pouco entre a multidão e perguntei a um guarda:


What’s that all about? - Estava a decorrer uma tea party nos jardins do palácio e um rol de personagens de fraque e cartola ou de vestidos esvoaçantes e chapéus fascinator desfilavam. Passados uns minutos, sai um grande aparato de viaturas e motas e de repente vimo-lo, sorridente a acenar-nos dentro de um carro negro: o príncipe William acabava de abandonar o palácio.


Atordoadas pelo improvável encontro seguimos até Westminster Pier, onde apanhámos um barco para um passeio pelo rio Tamisa. O guia a bordo foi assinalando os edifícios icónicos nas duas margens do rio até chegarmos a Greenwich ao entardecer.


Estátua em ouro no Palácio de Buckingham, Londres

Palácio de Buckingham.

Roda gigante London Eye

The London Eye.

Saímos do hotel quando a densa bruma da manhã ainda não se tinha dissipado.


Deambulámos sem destino pelas lojas dos bairros de Soho e Convent Garden. O único appointment do dia era na loja de Alexander McQueen para ver a exposição "Roses" com vestidos do arquivo da casa e da curadoria da própria Sarah Burton, a atual diretora criativa.


A tarde de shopping ficou concluída com a visita à National Gallery, onde importantes obras de arte pictóricas preenchem galerias infinitas. Fui direta e assertiva para o vigilante de sala: onde estão os quadros de William Turner?


Great choice! - disse ele e encaminhou-me para uma das principais salas onde os quadros de grandes dimensões do pintor inglês nos transportam para as paisagens tempestuosas das costas britânicas e ali fiquei uns minutos, em contemplação.


It was tea time. O autêntico chá das cinco, implementado pela nossa rainha Catarina de Bragança na corte de inglesa no século XVII, é um ritual imperdível. O chá é acompanhado por três patamares de miniaturas, primeiro salgadas, passando pelos scones com geleia e clotted cream e terminado com os doces.


Regent Street.

Rua da China Town com lâmpadas chinesas vermelhas, Londres

China Town.

Moodboard de Alexander McQueen

Moodboard na exposição "Roses" de Alexander McQueen.

Chá das cinco no Richoux, Londres

Afternoon tea na pastelaria Richoux.


Um passeio ao longo do rio Tamisa é uma experiência memorável. Depois do cruzeiro, era a vez de calcorrear as margens parando para visitar os diferentes pontos de interesse.


Uma brisa húmida e primaveril acompanhava os nossos passos e caminhámos ainda mais do que nos dias anteriores.


A primeira paragem foi na Catedral de Saint Paul. Uma espiral de escadarias, túneis, pontes e arcos guiou-nos até à cúpula. A vista da skyline de Londres, com arranha-céus entre casas e palacetes antigos, põe em evidência os contrastes da cidade.


Cruzámos para margem sul do rio Tamisa na centenária Tower Bridge. O rio é atravessado por mais de vinte pontes, mas esta é um dos símbolos mais reconhecidos da cidade.


Catedral de Saint Paul vista desde o terraço do centro comercial One New Change.

Tower Bridge, London

Tower Bridge.


A minha mãe apresentava evidentes sinais de fadiga quando entrei no Tate Modern, mas para qualquer art lover que se preze este museu é imprescindível. Tocou-me particularmente a exibição do vídeo Abraham Abraham Sarah Sarah de Nira Pereg que mostrava o paralelismo entre a comunidade muçulmana e judaica preparando um templo em Hebrom, que se converte em mesquita ou sinagoga consoante a fé dos seus ocupantes em diferentes alturas do ano.


Terminámos o passeio admirando a inconfundível paisagem de todos os postais e cartões de visita de Londres, o Palácio de Westminster com a icónica torre de relógio de 96 metros de altura, o Big Ben.


The Three Dancers, Pablo Picasso, 1925, no Tate Modern, Londres

The Three Dancers, Pablo Picasso, 1925, no Tate Modern.

Big Ben and Westminster Palace, London

Palácio de Westminster e o Big Ben.


No último dia na cidade visitámos um dos bairros mais emblemáticos e controversos da cidade, Camden Town.


O bairro dos punks dos anos 70 e onde viveu Amy Winehouse, entre outros ilustres personagens, está repleto de estúdios de tatuagens, lojas com roupa em segunda mão e mercados de rua, tudo disposto num ambiente descontraído e alternativo.


Camden Market.

Punks at Camden Town, London

Punks.

Fish and chips e a chicken pie at Poppies' restaurant, London

Fish and chips e chicken pie no restaurante Poppies.

Girl with leather jacket at Camden Town, London

As compras no Camden Market.


Cumprimos o estrito programa para os cinco dias, contornando os imprevistos, adicionando espontâneas paragens e impregnando-nos da essência londrina.


Não é à toa que é conhecida como a capital criativa da Europa. Há sempre novas exposições, galerias de arte, iniciativas culturais, lojas a marcar tendências e restaurantes inovadores. Sempre faltará tempo para conhecer tudo. Motivos mais do que suficientes para regressar uma e outra vez.


 

Como chegar How to get there

Londres tem seis aeroportos e todos estão bem conectados por transporte público com o centro da cidade.

A TAP Air Portugal oferece voos regulares para Londres. Podes ver as melhores ofertas aqui. 


Requisitos de entrada Entry requirements

O Reino Unido já não faz parte da União Europeia, por isso é obrigatório a apresentação de passaporte.


Como se deslocar How to move around

Do aeroporto apanhámos o Gatwick Express, um comboio direto para a estação Vitória, custou cerca de 20£.

A rede de transportes públicos de Londres é uma das mais antigas e completas do mundo. Andámos de metro e autocarro, não precisámos de comprar nenhum cartão. Ao ter dois cartões de crédito contactless, pagámos as viagens diretamente à entrada dos transportes.


Onde dormir Where to sleep

Royal National Hotel a oferta em Londres é muito variada e para todas as carteiras, mas a localização tem de ser um dos requisitos essenciais na hora de escolher. Optámos por este hotel no bairro de Bloomsbury, a cinco minutos a pé do Museu Britânico. É enorme, os quartos são espaçosos e pequeno-almoço muito completo. bit.ly/3MugbDb


Onde comer Where to eat

Café Deco restaurante muito acolhedor em pleno bairro Bloomsbury. É tudo caseiro e o menu varia todas as semanas. Comemos uma reconfortante sopa de alface e chicória e acompanhámos com uma fatia de quiche de queijo feta com courgette e espinafres. www.cafe-deco.co.uk/


Ottolenghi no bairro Notting Hill. É um restaurante e pastelaria com refeições saudáveis já preparadas para takeaway e uma variedade de bolos que entram pelos olhos. Provámos o brownie de chocolate e avelã, o bolo de tangerina e o bolo de cenoura e noz. Eu bem avisei que éramos gulosas. ottolenghi.co.uk/restaurants/notting-hill


Chez Antoinette um restaurante com ares de bistrot parisiense e um menu que reinterpreta os famosos pratos franceses. www.chezantoinette.co.uk/


Richoux para tomar o afternoon tea há opções para todos os orçamentos. Entrámos no Richoux por casualidade e ficámos maravilhadas com o que nos foi apresentado. A acompanhar o chá ou infusão serviram-nos três andares de iguarias, começámos pelas sandwiches na base, passámos pelos scones com geleia e clotted cream e terminámos com os bolinhos. www.richoux.co.uk/


Borough Market um mercado de street food do mais alto nível com variadíssimos postos de comida de todo o mundo: tailandesa, mexicana, espanhola, indiana, italiana, etc. É coberto, mas não dispõe de muitas mesas. boroughmarket.org.uk/


Poppies Fish & Chips seguindo a recomendação de uma londrina esperávamos encontrar o melhor peixe panado com batatas fritas. Se ficámos impressionadas por esta iguaria inglesa? Não, não ficámos, mas não podíamos deixar de a provar. poppiesfishandchips.co.uk/


O que visitar What to visit

British Museum é um dos principais museus de história e arqueologia do mundo. Da coleção permanente fazem parte tesouros de incalculável valor de civilizações antigas. Aberto até às 17h. Entrada gratuita. www.britishmuseum.org/


Notting Hill um dos bairros mais famosos de Londres graças à comédia romântica protagonizada por Hugh Grant e Julia Roberts. As características fachadas em tons pastel cobrem as ruas onde se realiza o Mercado de Portobello, o maior mercado de antiguidades do mundo. Aberto até às 19h.


Natural History Museum visita ao museu começa no exterior quando se observa com atenção as dezenas de animais que decoram a fachada do edifício. À entrada, somos recebidos pelo enorme esqueleto de uma baleia azul suspensa no teto. Tem mais de 80 milhões de itens, uma importante coleção de taxidermia e uma exposição dedicada aos dinossauros. Dada a antiguidade da instituição, possuiu espécimes recolhidos pelo próprio Charles Darwin. Aberto até às 18h. Entrada gratuita. www.nhm.ac.uk/


Victoria and Albert Museum um museu com enormes galerias de arte decorativa e design com artigos abrangendo 5000 anos de criatividade. É obrigatório provar os scones e o millionaire na esplanada. A loja do museu é uma perdição. Aberto até às 17.45h. Entrada gratuita. www.vam.ac.uk/


Hyde Park um enorme parque no centro da cidade. Inicialmente pertencia aos monges da abadia de Westminster. Em 1536, foi adquirido pelo rei inglês Henrique VIII para caçar e abriu ao público em 1637. É uma verdadeira explosão de natureza na cidade, com animais, flores, árvores e vários os pontos de interesse. Aberto até à meia-noite.


Buckingham Palace foi construído em 1703 e é a residência oficial do monarca do Reino Unido desde 1837. A cerimónia de render da guarda acontece segundas e quartas-feiras às 11h. www.rct.uk/visit/buckingham-palace


Abadia de Westminster a atual igreja começou a ser construída no século XIII onde predomina a arquitetura gótica. É um dos mais importantes locais religiosos da história da monarquia britânica, aqui são presididas coroações, matrimónios e funerais da realeza. Infelizmente, não pudemos visitar o interior da abadia devido às cerimónias da coroação. Aberta até às 15.30h.


Palácio de Westminster ou as Casas do Parlamento, é o edifício neogótico mais famoso de Londres. Acolhe a Câmara dos Comuns, a Câmara dos Lordes e a imponente torre de relógio, o Big Ben. O Parlamento reúne neste local desde 1240, embora a maioria do edifício medieval tenha sido destruído num incêndio em 1834.


Cruzeiro no Rio Tamisa fizemos um passeio de barco com duração de uma hora e com guia a bordo. Apanhámos o barco em Westminster Pier e terminámos em Greenwich. Foi muito interessante e tivemos outra perspetiva dos monumentos de Londres à beira-rio. www.getyourguide.pt/londres-l57/londres-cruzeiro-rio-tamisa-de-westminster-a-greenwich-t71379/


National Gallery na Trafalgar Square. Uma das galerias de arte mais importantes do mundo, tem algumas das principais obras de Tuner, Van Gogh, Monet, Vermeer e Raphael. Aberta até às 18h. Entrada gratuita. www.nationalgallery.org.uk/


Catedral de Saint Paul local de culto desde o século VII, a catedral atual começou a ser construída em 1675. É possível visitar a cúpula a 110 metros de altura subindo 528 degraus. Aberta até às 16.30h. Preço: 23£, inclui áudio-guia em português. www.stpauls.co.uk/


One New Change um centro comercial muito perto da Catedral de Saint Paul. No último andar, há um terraço com a melhor vista da catedral.


Sky Garden é um dos edifícios mais altos de Londres e é popularmente conhecido como o walkie-talkie graças à forma singular. Este arranha-céus alberga o maior jardim público de Londres no 37º andar, vale a pena subir para descobrir a skyline da cidade, com os novos e modernos edifícios. A entrada é gratuita, mas convém reservar com antecedência. skygarden.london/


St Dunstan in the East Church Garden a natureza invadiu as ruínas de uma igreja medieval bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, transformando-a num agradável jardim. www.cityoflondon.gov.uk/things-to-do/city-gardens/find-a-garden/st-dunstan-in-the-east-church-garden


Tower of London uma antiga fortaleza medieval construída em 1070. Foi um palácio real e uma prisão (com ilustres presos e decapitados) e, atualmente, é onde se exibem as joias da coroa britânica. Optámos por não entrar uma vez que algumas joias não iam estar expostas devido à coroação. Aberta até às 15.30h. Preço: 33,60£. www.hrp.org.uk/tower-of-london/#gs.wh0w4v


Tower Bridge a ponte levadiça abriu em 1894. As duas torres albergam o sistema que permite elevar as duas básculas em 90 segundos.


Tate Modern este museu de arte moderna e contemporânea está instalado numa antiga central elétrica. Recebe interessantes exposições, instalações de vídeo e performance periodicamente. Na loja do museu encontramos incríveis coffee table books de fotografia, moda e arte. Aberto até às 18h. Entrada gratuita. www.tate.org.uk/visit/tate-modern


Shakespeare Globe Theatre uma reconstrução do que terá sido o teatro circular onde o dramaturgo representava as suas peças. Há visitas guiadas todo o ano e, no verão, há representações das obras de Shakespeare. www.shakespearesglobe.com/


The London Eye uma roda gigante inaugurada no ano 2000, com 135 metros de diâmetro e 32 cabines que oferecem uma vista panorâmica da cidade. Aberta até às 20.30h. Preço: 30,50£. www.londoneye.com/


Camden Town o bairro de Londres mais underground, famoso pelo movimento punk, mercados de rua de roupa alternativa e galerias de arte. Amy Winehouse foi uma das célebres figuras que viveram neste bairro, tem uma estátua em bronze no Stables Market.


Onde comprar Where to shop

Fortnum & Mason esta loja surpreende pela dimensão e venda de vários artigos: peças de loiça, biscoitos, echarpes, velas. É ideal para comprar o famoso chá ou uma lembrança de Londres. www.fortnumandmason.com/


Hatchards não podia regressar de Londres sem comprar o souvenir perfeito: um livro de um autor inglês. Esta livraria em Piccadilly abriu em 1797 e é uma perdição para os amantes de litertura. www.hatchards.co.uk/


Liberty um centro comercial que desconstrói o conceito de loja situado num edifício de madeira. A cada andar corresponde uma categoria: roupa, calçado, acessórios, casa e jardinagem. Vale a pena entrar para ver a arquitetura tradicional. www.libertylondon.com/


Dover street market o streetwear mais estiloso e trendy da temporada num espaço em que as peças de roupa parecem fazer parte de uma instalação artística. london.doverstreetmarket.com/


 

Aqui está o mapa com todos os locais mencionados no post:



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