Comporta, Portugal
- Ariana Veloso da Fonseca
- 13 de jun.
- 5 min de leitura
Atualizado: 18 de jun.
O fim-de-semana em família por Portugal já virou tradição. Desta vez o destino escolhido foi a Comporta.
Este local misterioso, a sul de Lisboa, com extensas praias de areia clara, mar tempestuoso e refúgio de celebridades, era desconhecido para a maioria do grupo.
A Comporta começou a ganhar uma fama reservada entre o jet set europeu nos anos 70 e, ao contrário de outras localidades costeiras do Mediterrâneo, soube manter a descrição e o low profile que as celebridades tanto ansiavam.
A viagem de carro até lá já nos permitiu antever o que nos esperava.
Deixámos o bulício de Lisboa para trás e seguimos para sul por uma estrada sem curvas nem elevações, rodeada de pinheiros selvagens e extensos arrozais.

As estradas rodeadas de pinheiros selvagens.

As amêijoas no restaurante O Rola.

Porto Palafítico da Carrasqueira na maré baixa.

Ostras acabadas de pescar.
Quando se viaja por Portugal, indubitavelmente tem de se mencionar a gastronomia local. É parte intrínseca da viagem.
A Comporta não é exceção e, por isso, a primeira paragem foi para almoçar num restaurante típico da região.
A brisa marítima acariciou-nos o rosto e abriu-nos o apetite. As amêijoas com sumo de limão, as torradas de pão alentejano e os arrozes em doses industriais deliciaram toda a família.
Muito perto do restaurante, entre pântanos, arrozais e salinas, encontra-se o Porto Palafítico da Carrasqueira. Foi construído pelos pescadores locais sobre estacas de várias alturas, aparentemente débeis, mas que se mantêm firmes e suportavam os vários barcos que repousavam na lama formada pela maré baixa.
Este porto, ainda em funcionamento, relembra-nos as origens humildes desta região.

O hotel Independente Comporta.
O dia não estava para banhos, um vento forte fustigava-nos à sua passagem e o sol ia aparecendo tímido entre as densas nuvens que ameaçavam despejar a carga a qualquer momento.
Fomos diretamente fazer o check-in no Independente, o nosso hotel para o fim-de-semana, onde a Carolina nos esperava sorridente e sempre prestável.
O hotel encontra-se a meio caminho entre a aldeia da Comporta e Grândola, numa extensa herdade de oliveiras pontilhada de pequenas casinhas e vilas com vários quartos. Cada espaço homenageia os artesãos locais através da cuidada decoração.
O jantar foi servido no edifício comum, no restaurante Maroto. Pedimos um pouco de tudo para partilhar, porque era impossível escolher apenas um prato. Aqui, a gastronomia alentejana ganha novos sabores, com um toque de modernidade e carisma, mas sem perder a sua essência.

O pátio da nossa vila.

A nossa piscina privada.

Restaurante Maroto.

Jantar para partilhar no restaurante do hotel.
No dia seguinte, o tempo foi novamente traiçoeiro e não pudemos aproveitar a piscina da nossa vila.
Depois de um substancial pequeno-almoço, e entre algumas abertas, fomos até à praia do Carvalhal.
Caminhando pelo paredão de madeira, cruzámos as dunas e embatemos de frente com o oceano, tão indomável e azul como só o Atlântico consegue ser. As ondas, compassadas e enormes, invadiam a praia.
Elevámos a mão até à altura dos olhos para nos protegermos do sol do meio-dia, encoberto, mas intenso.
Quer olhássemos para a direita, quer para a esquerda, a nossa vista só alcançava o extenso areal. Esta faixa costeira tem cerca de sessenta quilómetros ininterruptos de praia, atravessando nove aldeias.
Uma pontada de inveja despertou dentro de nós: que sortudos são os que estão perto deste oásis e podem disfrutar dos longos dias de sol.
Ler um livro debaixo dos guarda-sóis de palhinha, dar banhos no mar gelado até ao pôr-do-sol e comer peixe fresco grelhado a todas as refeições são o expoente máximo de umas férias na Comporta.

Areal a perder de vista.

Praia do Carvalhal.
Durante a tarde, visitámos a aldeia da Comporta. As casas baixas, caiadas de branco, com portas e janelas em azul-turquesa, compõem a paisagem típica de uma aldeia alentejana.
Com a popularidade que foi ganhando nos últimos anos, começaram a surgir resorts, hotéis e beach clubs. Ainda assim, a Comporta conseguiu manter a sua essência e uma identidade muito própria.
Esta identidade está presente no estilo boho-chic que aqui ganha forma, feitio e expressão.
As lojas e mercados da aldeia estão recheadas de vestidos compridos, leves e descontraídos, loiça com padrões coloridos e motivos marinhos, copos de vidro em tons suaves para saborear um vinho fresco.
Famílias de cegonhas residem em grandes ninhos nas torres da igreja e postes de eletricidade. Estão por todo o lado. No entanto, cada vez que lhes apontava a câmara, abriam as grandes asas de penas negras e desciam em pique, desaparecendo rápidas e ágeis, sem que as conseguisse captar numa fotografia.

A loja Lavanda.

Artigos para a casa na loja Lavanda.

Uma cegonha a abandonar o ninho.

A foto de família.
O estilo de vida genuíno e descontraído, aliado a um cenário natural paradisíaco, tornam este local num esconderijo perfeito para desconectar e desaparecer durante uns dias, respirar profundamente e renovar energias para enfrentar a rotina agitada das nossas vidas.
Foi um fim de semana curtinho, mas tão necessário.
A Comporta representa um oásis de calma, descanso e hedonismo. Soa a utopia no mundo atual, mas é o que os afortunados que conhecem este segredo no litoral do país procuram e ambicionam alcançar. Agora que o revelei, só têm de aproveitar.
Como chegar | How to get there
Fomos de carro até à Comporta. Demorámos aproximadamente uma hora desde Lisboa.
Como se deslocar | How to move around
Sempre nos deslocámos de carro entre o hotel e a aldeia da Comporta.
Onde dormir | Where to sleep
Independente Comporta este hotel de quatro estrelas distribui-se ao longo de doze hectares. Tem 40 quartos e 34 vilas privadas com pátio. Alugámos uma vila com piscina privada para toda a família. Foram muito flexíveis em adicionar camas extra e berços para que coubéssemos todos. O pequeno-almoço, servido no edifício comum, era delicioso. Alguns pratos quentes são pedidos à carta. www.independente.eu/comporta/pt/
Onde comer | Where to eat
Dona Bia este restaurante foi recomendado por amigos e foi a primeira escolha para o nosso almoço. No entanto, ao não aceitarem reservas para um grupo tão grande, não chegámos a ir lá.
O Rola por recomendação da Dona Bia, fomos a este restaurante de comida típica portuguesa. Pedimos as amêijoas de entrada e os arrozes de tamboril e de lingueirão como prato principal e para acompanhar, sangria de vinho branco. Estava tudo muito saboroso. No final, não houve espaço para a sobremesa. www.facebook.com/p/Restaurante-O-Rola
Maroto o restaurante do nosso hotel foi ideal para o jantar de sábado. Com crianças pequenas é sempre mais prático. A comida alentejana ganha novos sabores que complementam na perfeição as iguarias tradicionais. Pedimos vários pratos do menu e provámos um pouco de tudo. maroto-comporta.pt/
O que visitar | What to visit
Porto Palafítico da Carrasqueira uma obra-prima da arquitetura popular, este porto, composto por passadiços labirínticos de madeira, foi construído pelos pescadores locais para poderem aceder facilmente aos seus barcos durante a maré-baixa, muito marcada do estuário do Sado.
Praia do Carvalhal uma das praias mais conhecidas, mas deserta na altura da nossa visita.
Aldeia da Comporta com pouco mais de mil habitantes, esta aldeia tem um charme próprio. As ruas estreitas e pouco movimentadas, as casas típicas azuis e brancas, os restaurantes tradicionais e as lojas trendy, fazem desta localidade um ponto de paragem obrigatória.
Onde comprar | Where to shop
The Life Juice no local do Antigo Posto Fiscal da Comporta encontra-se esta loja de artigos para a casa e roupa pensados ao pormenor. O restaurante Mesa é adjacente à loja. www.instagram.com/thelifejuice/
Casa da Cultura da reabilitação de um antigo celeiro de arroz e do antigo cinema, nasce este mercado com barraquinhas com diversas marcas selecionadas com o melhor gosto. www.fundacaohdc.pt/casadacultura
Lavanda uma concept store com artigos de decoração e peças de roupa únicas. www.instagram.com/lavandacomporta/
Aqui está o mapa com todos os locais mencionados no post:
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